sábado, 24 de julho de 2010

Cura de memórias dolorosas da Reforma


O presidente da Conferência Menonita Mundial, pastor Danisa Ndlovu, do Zimbábue, disse que o pedido de perdão dos luteranos expressa “profundo sentimento de dor e pesar” pelas perseguições perpetradas contra anabatistas, no século XVI.
A notícia é da Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC), 24-07-2010.
O pedido de perdão ocorreu durante culto de arrependimento, realizado na quinta-feira, 22, na programação da 11ª Assembléia da Federação Luterana Mundial (FLM), reunida em Stuttgart, Alemanha, de 20 a 27 de julho.
“Chegamos a um ponto em que nos perdoamos mutuamente”, disse Danisa, em coletiva de imprensa, após o pedido de perdão dos luteranos.
Segundo a líder menonita, “todos nós temos atitudes e percepções equivocadas uns a respeito dos outros”. No caso da comunidade anabatista, a autopercepção “como vítimas leva a olhar o outro de uma perspectiva equivocada”, assinalou.
No século XVI, adeptos da Reforma perseguiram os anabatistas – os rebatizados – tinham concepções mais radicais que os reformadores protestantes, especialmente no que diz respeito à separação de Igreja e Estado, da não-violência e do batismo de crianças.
Eles foram perseguidos, por isso, em várias regiões da Europa. Muitos anabatistas foramortos, presos, exilados. A memória dessas atrocidades, esquecidas durante muito tempo na tradição luterana, foi conservada até hoje e é um componente significativo da identidade menonita e anabatista.
Comissão Internacional de Estudos Luterana-Menonita trabalhou, de 2005 a 2009, sobre essa história, resultando num relatório denominado “A cura das memórias: Reconciliação por meio de Cristo”. O relatório é a primeira narrativa em comum dos fatos que marcaram as relações entre luteranos e anabatistas durante a Reforma do século XVI.
“Não se pode mudar o passado”, apontou o relatório da comissão mista de estudo, “mas podemos mudar a maneira como se recorda o passado no presente. Abrigamos essa esperança. A reconciliação não é somente olhar para trás, ao passado, mas, antes, dirige o olhar a um futuro comum.”
“Para mim, pessoalmente, hoje foi um dia histórico”, disse o tesoureiro da Conferência Menonita Mundial, o paraguaio Ernst Bergen, após a celebração de perdão, em Suttgart.
  Fonte: unisinos.com.br

Nenhum comentário: