segunda-feira, 7 de junho de 2010

A oração como uma identidade do cristão

No evangelho de Lucas, capítulo 11, temos a descrição de um importante momento na relação de Jesus com os seus discípulos. Jesus estava orando "em certo lugar" e seus discípulos, provavelmente, estavam próximos o suficiente para perceber sua atividade. Ao terminar o seu momento devocional, ele é imediatamente abordado por um dos seus observadores, que lhe faz um pedido bem específico; "Senhor, ensina-nos a orar" (v.1).

Ele toma a frente do grupo e pede algo que ele acha ser importante para todos. Eles conviviam com Jesus diariamente, viam seu poder manifestado, as maravilhas acontecendo no meio das multidões que o seguiam, a maneira como os poderes do mal eram confrontados com autoridade e discrição, como as doenças eram expelidas dos corpos com paixão e misericórdia e como os excluídos eram aceitos e amados de forma tão diferente da religiosidade que haviam conhecido no passado.

De alguma forma, sem muita dificuldade, puderam perceber que as orações constantes de Jesus (públicas, secretas, nos montes, às refeições etc.) tinham um elo com as coisas que aconteciam. Ele mesmo já havia agradecido publicamente ao Pai por responder às suas orações dizendo: "Eu sei que sempre me ouves".

No imaginário dos seus seguidores, começava a despontar a idéia de que, se orassem como ele, teriam as respostas de oração que ele vivenciou.

A oração estava ligada a identidade do Mestre. Ele era porque orava, ele orava porque ele era.

No pedido do discípulo também estava a questão da identidade: "Ensina-nos a orar, como também João ensinou aos seus discípulos". Nesta abordagem podemos perceber que os discípulos de João foram doutrinados nesta questão; quem os conheceu percebia um modelo de oração específico que os identificava como discípulos do profeta do arrependimento. Os conteúdos dos seus pedidos estavam carregados da maneira de pensar, de agir, dos sonhos, das utopias, das revelação específicas do seu líder. Agora os discípulos de Jesus queriam que suas orações tivessem a identidade de seu movimento e de seus sonhos e expectativas pessoais. Querem orar como Jesus orou, manifestando em suas petições, as marcas do reino no qual creram e estavam dedicando as suas vidas.

Jesus prontamente atende ao pedido do seu discípulo, colocando para todos eles, e para nós, os conteúdos  da verdadeira oração que, sem dúvida, é a marca do reino de Deus, que foi aproximado de nós, a partir dele. É a oração para nós, é o "Pai Nosso".

No passado, os grupos religiosos podiam ser reconhecidos por meio de suas práticas devocionais. A maneira como oravam os identificava como fariseus, saduceus, discípulos de João, essênios etc. Podemos ser identificados hoje pela maneira como oramos? As pessoas podem observar nossas vidas e identificar influências positivas, como verdadeiros frutos produzidos em favor dos outros?  Temos esta identidade espiritual?

Podemos ser identificados pelos resultados produzidos na sociedade, a partir dos momentos em que celebramos a Deus, de forma pessoal ou em grupo, de tal maneira que percebam os elos que criamos com o sagrado? E ao efetuarem estas associações, as pessoas nos abordam para que as ensinemos como podemos ter as mesmas experiências?

Jesus caminhou com seus discípulos, manifestou a sua identidade e a do Pai, podendo dizer "Eu e o Pai somos um". Nele aconteceu a revelação mais explícita de Deus. O transcendente ficou transparente. Fazia parte de sua natureza o convívio com aquele com o enviou, por meio da oração.

Sua vontade é que o imitemos, segui-lo é seu projeto para todos, e, ao fazê-lo, seu Espírito vem habitar e orar em nós, e quem tiver olhos para ver perceberá e pedirá "ensina-nos a orar".


Luciano Oliveira

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