quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Por uma Igreja que acolhe para não dividir

Igreja Gay: Uma vergonha para os evangélicos

Hermes Fernandes

Semana passada, no dia 27 de Novembro, uma das rádios evangélicas de maior popularidade do Brasil exibiu um debate sobre homossexualismo. Entre os participantes estavam o Pr. Silas Malafaia, o Desembargador Fábio Dutra, o Pr. Paulo Afonso, o Pr. Augusto Miranda, o Pr. Paulo César e o Pr. Marcos Gladstone. Este último é líder da Igreja Contemporânea do Rio de Janeiro, conhecida como "igreja gay".


Gladstone é homossexual assumido, e declara ser casado com seu companheiro e também pastor Fábio Inácio.


O debate poderia ter sido muito proveitoso, caso não houvesse alguns momentos desrespeitosos, onde as partes se atacaram mutuamente.


Silas, como sempre, vociferou suas opiniões sem o menor recato, chegando ao cúmulo de referir-se aos seus opositores que assistiam no auditório da rádio como "bonecas". No final, retratou-se, sabendo que isso poderia lhe render uma ação jurídica.


Se todos mantivessem a linha, muitas coisas poderiam ter sido esclarecidas. Oportunidade desperdiçada.


Tive pena do Gladstone. Embora discorde de seus posicionamentos, acho que ele merece respeito, como qualquer ser humano.


Silas disse que não há igreja evangélica gay, nem tampouco "pastor gay". Gladstone, para revidar, afirmou que era pastor reconhecido pela Federação de Teólogos do Brasil (ou algo do gênero).


Um dos momentos mais curiosos foi quando Gladstone afirmou que muitos pastores e filhos de pastores já o procuraram em sua igreja, confessando que eram gays. Não duvido nada! Conheço o caso em que um pastor foi flagrado sentado no colo de um obreiro.


Definitivamente, a igreja evangélica brasileira não está preparada para discutir um assunto tão polêmico como este. Falta maturidade, finesse, e sobretudo, amor.


Por que acho que é uma vergonha para os evangélicos que haja uma igreja gay? Simples. Esta igreja só surgiu para preencher uma lacuna deixada pela igreja evangélica. Se os gays fossem acolhidos em nossas comunidades, a fim de que fossem expostos à Palavra de Deus, eles não teriam qualquer razão para buscar uma igreja dedicada exclusivamente a eles.


Não estou dizendo que as igrejas deveriam legitimar sua conduta. Não! Apenas afirmo que devemos ser mais misericordiosos, compassivos, agindo mais ou menos como nosso Mestre agiria.


Me recuso a acreditar que Jesus os rechaçaria. Também não acredito que Ele estimularia que Seus seguidores se entrincheirassem contra os homossexuais, como tem sido feito.


Tornamo-nos seus inimigos número 1. Como poderemos evangelizá-los? Como poderemos conduzi-los aos pés do Salvador?


Será que somos melhores do que eles? Será que nossa avareza, idolatria, inveja, carnalidade, ocupam um lugar de menor importância dentro da lista de pecados condenados pela Palavra?


Sinceramente, creio que a Igreja deveria se manifestar solidária a todo grupo humano minoritário que buscasse ser respeitado. Sem endossar qualquer que fosse a conduta pecaminosa, deveríamos comprar uma briga pelas prostitutas, homossexuais, seguidores das religiões afro-brasileiras, ciganos, etc.


Te escandalizei?


Pois o Cristo a quem sirvo também escandalizou os religiosos pudicos de Sua época ao colocar-se em defesa da mulher adúltera, desmascarando a pseudosantidade dos religiosos que queriam apedrejá-la.


Tornamo-nos tão diferentes de Jesus. Estamos sempre do lado errado. Do lado dos poderosos, dos mantenedores do Status Quo, dos corruptos, dos salafrários.


Repito: não acho que devemos baratear a mensagem do Evangelho, endossando qualquer conduta que não se coadune com seus valores e princípios.


Porém, acredito que devemos usar de misericórdia, tanto quanto dela necessitamos. Afinal, são os misericordiosos que alcançarão misericórdia.


Ao xingar seus oponentes de 'bonecas', ou 'meninas', Silas Malafaia revelou o lado preconceituoso daqueles a quem ele julga representar. Foi um desserviço à causa do Evangelho.


Nunca vi ninguém se converter no calor de uma discussão.


Se queremos ser respeitados, devemos, antes de tudo, respeitar, mesmo o mais vil pecador. Não somos melhores do que eles.


Que tal se olharmos para nós mesmos como fez Paulo, que considerou-se o principal dos pecadores?


Que tal se deixarmos de olhar para o outro de cima pra baixo, e considerar-nos igualmente carentes da graça de Deus?


Que o Projeto de Lei 122 precisa de ajustes, não resta dúvida. Mas não será com xingamentos e ataques que vamos reverter isso.


O que não se pode negar é que o debate serve mesmo é a interesses políticos daqueles que se fiam na ingenuidade do povo evangélico para se elegerem.


Igreja nenhuma deveria sentir-se ameaçada por qualquer que seja a PL. Faz-se um escarcel danado para que os crentes pensem que a tal "ditadura gay" vai obrigar às igrejas a aceitarem e celebrarem o casamento entre pessoas do mesmo sexo. E assim, os propineiros vão se elegendo e agradecendo ao deus Mamom pelas "graças" recebidas.

via PAVABLOG

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